A presença de anticorpos contra a COVID-19 no RS

A obtenção da imunidade coletiva (ou de rebanho) é uma das formas de acabar com a disseminação da epidemia em um local. Para isso, é necessário que haja um grande percentual da população (60% - 80%) com anticorpos contra o vírus. No post de hoje, vamos analisar os resultados de uma pesquisa que vem sendo realizada no estado do Rio Grande do Sul que busca identificar o número de pessoas imunizadas na região.

O estudo, coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foi iniciado em abril, deve durar até setembro, e já está atualmente na sua quinta fase de execução (realizada entre 26 e 28 de junho). Em cada uma delas, os pesquisadores avaliaram 4.500 pessoas em 9 cidades do estado, verificando tanto a presença de anticorpos no sangue dos selecionados quanto os seus sintomas e hábitos de mobilidade.

Assim, em termos da imunização da população, a pesquisa encontrou um percentual baixo de pessoas com anticorpos: mesmo no estudo mais recente, menos de 0.5% dos testados estava imune a doença. Ainda que o percentual tenha duplicado na última fase da pesquisa em relação às anteriores, ele continua sendo baixo.

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Quando estendemos esse percentual para a população de todo o estado, estima-se que exista 1 caso para cada 214 habitantes no Rio Grande do Sul. O número real de infectados no estado deve estar em torno de 50 mil, ainda que oficialmente o RS ainda não alcançou os 30 mil casos. Isso nos fornece uma ideia da subnotificação dos casos na região: para cada caso identificado, acredita-se que haja atualmente entre 1 e 3 casos não reportados.

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Em relação à mobilidade, assim como no restante do país, a população tem se deslocado mais nas últimas semanas. O percentual de pessoas que saem diariamente passou de 20.6% na primeira fase (11 a 13 de abril) para 32.7% no final de junho. Da mesma forma, o percentual da população que está sempre em casa caiu bastante, de cerca de 21% para 13% na última análise.

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Os resultados obtidos por essa pesquisa indicam que ainda estamos muito longe de alcançar a imunidade de rebanho. Apesar do foco da pesquisa ter sido o estado gaúcho, a projeção desse estudo somada a estimativas realizadas em outros estados indicam que a taxa de imunização deve girar em torno de 3.1% no país, muito abaixo do valor de 60% necessário para garantir a contenção da pandemia.  Isso indica que ainda estamos longe de conseguir conter a pandemia com essa estratégia, de forma que nossa melhor opção para não agravar a crise no país segue sendo fazer uso das medidas de contenção e restrição de mobilidade - possivelmente até aumentando-as, visto que a população está se movimentando mais nas últimas semanas.


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