A situação das comunidades do Rio de Janeiro frente a COVID-19
Em um post anterior, falamos sobre como o Covid-19 está evidenciando as desigualdades sociais já existentes no Brasil. Apesar dos casos estarem bastante disseminados pelas diferentes regiões do país, as taxas de mortalidade estão se mostrando mais acentuadas nos locais mais periféricos das cidades. Por conta desse fato, as favelas vêm sendo algumas das comunidades que têm gerado mais preocupação no país: além dessas regiões apresentarem condições mais propícias para a disseminação do vírus, os registros de casos nesses locais estão crescendo com velocidade, indicando que elas já estão sendo fortemente atingidas pela pandemia.
Seguindo essa linha, no post de hoje vamos explorar a situação do #coronavirus nas favelas da cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, segundo as contagens de organizações que atuam em prol dessas comunidades, as favelas do Rio já somam mais de 450 casos e de 150 óbitos - juntas, as comunidades do Rio são responsáveis por 4% dos casos e 9% dos óbitos de toda a capital. Além disso, se elas formassem uma cidade do estado de Rio de Janeiro, elas já ocupariam a 6ª posição do ranking de casos e a 2ª posição no ranking de óbitos - perdendo apenas para a própria capital.
Como podemos observar, a maior parte dos casos e óbitos estão concentrados em duas comunidades, a Rocinha e a Maré. Com 102 casos (21%) e 42 óbitos (25%), a Rocinha é a líder, com a Maré somando 89 casos (18%) e 23 dos óbitos (14%). As demais favelas não chegam a alcançar as marcas de 50 casos e de 15 óbitos. Apesar disso, as maiores taxas de mortalidade são observadas em outros locais: mais da metade dos casos em Jacarezinho e na Vila Kennedy resultaram em óbitos.
Assim como foi observado em outras regiões periféricas, são os números de óbitos e as taxas de mortalidade que trazem a maior preocupação a respeito das favelas. Enquanto a taxa de letalidade da capital está em torno de 14%, todas as comunidades reportadas ultrapassam essa marca, com o mínimo de 19% sendo observado no Vidigal. Além disso, apesar da incidência de casos não ser tão elevada nas comunidades, a de óbitos já cresce bastante:
enquanto a cidade do Rio de Janeiro apresenta 27 óbitos por 100 mil habitantes, a Rocinha apresenta uma taxa mais de duas vezes maior, com 61 óbitos por 100 mil habitantes.
Dessa forma, os dados observados reforçam o perigoso panorama que diversas organizações estão reportando quanto a situação do COVID-19 nas favelas e evidenciam que existe uma grande diferença de incidência da doença entre regiões dentro de uma mesma cidade. Em particular, os óbitos nesses locais estão bastante elevados, aumentando ainda mais a preocupação já existente em torno das condições desses grupos populacionais; Assim, esse cenário torna ainda mais essencial e urgente que as medidas de prevenção e de contenção do COVID-19 sejam aplicadas de forma efetiva nessas regiões, de forma a reduzir o risco de óbito e a garantir a segurança e a saúde das populações.