A distribuição etária dos óbitos por COVID-19 no Brasil

No post de hoje, vamos explorar qual a faixa etária dos óbitos de COVID-19 no Brasil. Desde o começo da pandemia, observou-se em outros países uma tendência dos casos de maior gravidade (e, consequentemente, dos óbitos) ocorrerem em pessoas idosas, com outras doenças (em particular doenças cardíacas ou diabetes) e também com uma predominância em homens (estudo completo aqui). Hoje, vamos analisar esse panorama do ponto de vista do Brasil, que possui uma pirâmide etária consideravelmente mais jovem do que alguns dos outros países mais atingidos pela epidemia.

Até o momento, o Brasil  já registrou mais de 60 mil óbitos por COVID-19, alcançando a marca de 66.741 óbitos no dia 07/jul. Seguindo a tendência internacional, a predominância dos óbitos está entre os idosos: mais de 70% das fatalidades foram registradas na faixa acima dos 60 anos. A distribuição por faixa etária dos óbitos ocorridos até o dia 27/jun pode ser observada na imagem abaixo.

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Como podemos observar, a faixa entre os 70 e 79 anos foi a que mais registrou óbitos, com 24.6% do total, seguida pela faixa dos 60 ao 69 anos (23.5%) e pela faixa dos 80 aos 89 anos (18.2%). Em relação à distribuição da população do país, entretanto, a faixa mais idosa (acima de 90 anos) se mostra ainda mais afetada: apesar de representar apenas 0.3% da população do país, eles são responsáveis por mais de 5% dos total de óbitos. Analisando esse panorama em maior detalhe, observamos uma relação exponencial entre a incidência de óbitos (por 1 milhão de habitantes) e a faixa etária: quanto mais velha, maior a parcela proporcional da população atingida.

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Assim, os dados observados no Brasil corroboram o panorama descrito internacionalmente. Apesar do Brasil ter uma população consideravelmente mais jovem que outros epicentros da pandemia - apenas 14% possuem mais de 60 anos, contra 22% nos EUA e 28% na Itália -, os idosos seguem sendo bastante afetados pela doença, indicando que esse fato depende mais de características da própria doença (acomete mais gravemente os idosos) do que da população atingida. Dessa forma, é necessário que haja um planejamento mundial de cuidado com pacientes idosos, de maneira a reduzir o risco enfrentado por esse grupo etário.


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