A mortalidade por COVID-19 ao redor do mundo

No post de hoje vamos abordar como a COVID-19 está impactando diferentes países em termos da mortalidade. Ao redor de todo o mundo, já são mais de 700 mil óbitos em 188 países, com mais de 36% deles estando concentrados nos EUA e no Brasil. Enquanto no Brasil a doença já foi responsável pela morte de 0.048% da população e as estimativas de óbitos podem ultrapassar os 2 milhões (caso 50% da população seja infectada), nos EUA ela já vitimou 0.053% da população e se tornou uma das maiores fatalidades históricas do país, com mais da metade das mortes ocorrida na Segunda Guerra e com quase ⅓ das ocorridas durante a Guerra Civil.

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Reunindo os dados de diversos países ao longo dos últimos meses, foi possível observar um panorama do perfil dos óbitos bastante específico: um perfil de idade média mais elevada, com presença de comorbidades (em especial doenças cardíacas e diabetes) e com uma certa predominância do sexo masculino. Entretanto, apesar desse cenário geral, a forma como a doença se disseminou pela população varia entre os diferentes países do mundo, impactando inclusive no perfil de óbitos observados em cada região. Nesse sentido, um estudo realizado pelo Banco Mundial buscou comparar as faixas etárias de óbitos de 26 países diferentes, incluindo 9 países de renda média, 1 de renda baixa e o restante alta. Os resultados podem ser observados na figura abaixo. 

Analisando a distribuição dos óbitos (imagem a esquerda), fica perceptível que, dentre os países de menor renda, o percentual de jovens que vieram a óbito é consideravelmente maior do que nos de renda mais elevada. Apesar de um dos possíveis fatores que justificam essas diferenças nas distribuições ser a forma da pirâmide etária de cada país (normalmente mais alargada para países de alta renda), ele não é suficiente para explicar todo o panorama. Já na imagem da direita, temos a mesma análise supondo que todos os países possuem a mesma distribuição de idades, sendo possível visualizar que esse padrão ainda se mantém.

Fonte: COVID-19 Age-Mortality Curves Are Flatter in Developing Countries. Gabriel Demombynes, World Bank Group.

Fonte: COVID-19 Age-Mortality Curves Are Flatter in Developing Countries. Gabriel Demombynes, World Bank Group.

Fonte: COVID-19 Age-Mortality Curves Are Flatter in Developing Countries. Gabriel Demombynes, World Bank Group.

Fonte: COVID-19 Age-Mortality Curves Are Flatter in Developing Countries. Gabriel Demombynes, World Bank Group.

De forma geral, esse cenário indica que a curva de risco de óbito de acordo com a idade é mais acentuada em países ricos. Enquanto neles a chance de óbito do grupo de 70-79 é 12,6x maior que a do grupo de 50-59, nos países de baixa ou média renda essa taxa fica em cerca de 3,5, evidenciando a diferença de comportamento entre os dois grupos.

Algumas outras questões que podem explicar esse cenário incluem as formas como os óbitos são reportados em cada país, o preparo e a qualidade do sistema de saúde local e ainda diferenças socioeconômicas  - países de mais baixa renda, por exemplo, em geral tendem a apresentar um maior número de residências intergeracionais. Enquanto cerca de 20% das residências em países de média e baixa renda possuem ao menos um membro da casa com menos de 20 anos e outro acima dos 60 anos, essa taxa cai para apenas 5% em países de renda mais elevada.

Assim, o cenário descrito nos ajuda a compreender melhor o panorama de diferentes países do mundo frente à pandemia de COVID-19. Apesar de ser possível observar uma tendência de caráter global, é notável que existem diferenças nas formas como cada país vem sendo afetado, que refletem tanto a extensão das medidas de contenção aplicadas em cada local quanto diferenças pré-existentes entre os países, como observamos em relação a renda. Dessa forma, levar essas diferenças regionais em consideração é fundamental para que tenhamos uma compreensão do panorama completo da situação.


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