A COVID-19 e os Povos Indígenas

No post de hoje, vamos analisar a situação da disseminação da COVID-19 em um grupo específico da população brasileira: os povos indígenas. Como já vimos em outro post, nos últimos meses, a doença tem sido interiorizada no Brasil, passando a atingir também regiões fora dos grandes centros urbanos. Nesse processo, diversos povos indígenas acabaram sendo atingidos também: dos 305 atualmente identificados no país, quase 40% (113) já registraram casos da doença - mais que o dobro do número registrado no mês passado (44). Ao todo, já são 8.847 infectados e 365 óbitos em 19 unidades federativas de acordo com a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).

Em particular, os povos indígenas vivendo na região Amazônica estão passando por um grave surto. Mais de 80% dos óbitos indígenas ocorreram na região, que também concentra quase metade dos povos afetados. Dentre os estados, o Amazonas é onde está a maior concentração de casos, com 152, seguido pelo Pará, com 67.

Já no panorama geral, temos que quase 1% da população indígena já foi infectada. Quando analisamos esses dados em comparação com os dados gerais do Brasil, nota-se que os povos indígenas parecem estar sendo atingidos com mais gravidade pela pandemia: tanto as taxas de incidência de casos e quanto de óbitos nesses povos são mais elevadas que a média nacional - 70% e 57% maiores, respectivamente.

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Assim, os dados observados reforçam o perigoso panorama que diversas organizações e líderes indígenas estão reportando quanto a situação do COVID-19 nos povos e aldeias. Além de muitas vezes residirem em regiões com pouca estrutura médica e de maior pobreza, os povos indígenas têm costumes muito diferentes dos praticados em áreas urbanas e que podem ampliar o contágio - tanto que as doenças respiratórias já são a principal causa de morte entre essa população. Dessa forma, esse panorama torna ainda mais essencial e urgente que medidas únicas de prevenção e de contenção sejam propostas para esses grupos, de forma a reduzir o risco de óbito e a garantir a segurança e a saúde dos povos.


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