A Queda na Vacinação durante a pandemia

No post de hoje, vamos abordar um assunto que vem preocupando especialistas no mundo inteiro: a queda nas taxas de vacinação contra outras doenças durante a pandemia de COVID-19. Em um relatório recente realizado pela OMS em parceria com a UNICEF, foi constatado que a crise epidêmica levou ao interrompimento ou à diminuição da imunização contra outras doenças em todo mundo: 80% dos países avaliados tiveram campanhas de vacinação suspensas ou sofrendo interrupções. Por conta disso, as entidades estimam que mais de 117 milhões de crianças podem ficar sem tomar vacinas esse ano no mundo.

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Além desse fato, 85% dos países participantes reportaram quedas nas taxas de vacinação quando comparado com o começo do ano. Dentre as principais causas citadas para que a população esteja vacinando menos mesmo sem que haja interrupção das campanhas, destacaram-se a preocupação com o risco de exposição a COVID-19 no trajeto/processo de vacinação (48%) e as limitações de transporte público e de locomoção impostas por medidas de distanciamento social (33%).

A queda da taxa de vacinação representa um risco para a sociedade: quanto menor a proporção de pessoas vacinadas contra uma certa doença na população, maior a chance de propagação dessa enfermidade. Isso significa que doenças que estavam sob controle podem passar a causar novos surtos, ou até mesmo que doenças que já haviam sido erradicadas acabem retornando.

Nos EUA, um dos epicentros da pandemia, o fenômeno também foi observado: segundo um estudo da Scientific American, houve uma queda na vacinação a nível nacional de quase 25% quando comparado com 2019. Quebrando a analisamos por estados, aparecem locais onde a situação se mostra ainda mais crítica, com quedas ultrapassando os 50%.

Fonte: Scientific American

Fonte: Scientific American

No Brasil, por sua vez, a situação também se mostra preocupante. Com taxas de vacinação em queda desde 2013, o Brasil aparece no estudo da OMS como um dos países que mais regrediu nos últimos anos, registrando uma queda na cobertura de vacinação de 23% desde 2015 e atingindo o seu menor percentual de vacinação em 2019. Esse cenário se mostra ainda mais preocupante considerando que os dados parciais de 2020 indicam que esse índice deve ser ainda mais baixo esse ano. Isso, somado a focos ativos de doenças no país (como de Sarampo e da Febre Amarela), torna essencial que a vacinação seja mantida durante a pandemia para evitar surtos de outras enfermidades.

O panorama mundial observado indica que estamos enfrentando o momento mais preocupante do século em relação às doenças infecciosas. Além de estarmos passando por uma pandemia, a queda abrupta das taxas de vacinação pode dar início a surtos de outras doenças, tanto durante quanto após a pandemia de COVID-19. Por conta disso, é fundamental que sejam pensadas estratégias de vacinação seguras e eficazes para o período atual, de forma a conter essa queda no número de vacinação sem colocar em risco a saúde da população. Nesse sentido, já foi criada uma campanha com esse enfoque no Brasil: a SBI (Sociedade Brasileira de Imunizações), a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e a UNICEF elaboraram uma cartilha educativa para conscientizar os especialistas e o público em geral sobre como e porque a vacinação deve ser mantida nesse período. O material completo pode ser acessado aqui.


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