Saúde Mental no período de Pandemia

No post de hoje, vamos falar sobre uma temática que vem sendo bastante recorrente durante a pandemia: a questão da saúde mental durante o período de distanciamento social. Devido ao isolamento imposto em diversos países, muitas pessoas estão sem convívio social e se sentindo sozinhas, o que acaba levando ao desenvolvimento de sintomas de transtornos psicológicos como ansiedade ou depressão. Segundo a própria OMS, a pandemia da COVID-19 está fazendo pessoas do mundo inteiro sofrerem com a angústia psicológica e com a incerteza sobre o futuro, o que acabou provocando até mesmo um aumento na procura por bebidas alcoólicas.
No Brasil, uma pesquisa da UFSM encontrou resultados parecidos. Dentre os entrevistados, 65% reportou ter sentido uma piora na sua própria saúde mental durante o período de distanciamento social, apresentando também sintomas de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático compatíveis com a piora no estado mental. Apesar disso, apenas 17.1% deles reportaram estar fazendo atendimento psicológico durante o isolamento.

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O estudo identificou ainda alguns fatores socioeconômicos de risco para a saúde mental, como o baixo nível de escolaridade ou de renda, o desemprego e o endividamento. Além disso, a exposição excessiva à mídia e o uso de álcool e de substâncias ilícitas também se mostraram mais associadas a sintomas de ansiedade e de depressão, com 61% dos isolados reportando consumir álcool durante o isolamento e quase 30% desses tendo aumentado seu consumo na pandemia. A falta de atividades de contato social, de lazer, culturais ou físicas também foram citadas como potenciais causadores de sintomas psicológicos.

Além dos danos do distanciamento social para a saúde mental, alguns estudos indicam que a própria COVID-19 possui uma relação com doenças psicológicas. Pesquisadores britânicos identificaram que o vírus é responsável por um aumento de diagnóstico de doenças psicológicas, em uma proporção mais elevada do que outras doenças respiratórias. Em 90 dias após a doença, a probabilidade estimada de ser diagnosticado com uma doença psicológica é de 5,8%, sendo a mais frequente a ansiedade, com 4,7% de chance. A demência mental também aparece em destaque: apesar de ter um risco de apenas 0,4%, esse risco aumenta para cerca de 1,6% quando analisamos apenas o grupo acima de 65 anos de idade.

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O risco também se mostrou mais elevado mesmo para pessoas que não haviam tido diagnóstico de doenças psicológicas anteriormente, com uma chance de desenvolver uma desordem de 2%. O estudo identificou ainda que a relação entre COVID-19 e doenças psicológicas também existe no sentido inverso: um diagnóstico de doença psicológica no ano anterior a pandemia esteve associado com 65% mais incidência de COVID-19.

Assim, os dados indicam que a COVID-19 está sendo responsável por um aumento de transtornos psicológicos no mundo inteiro. Apesar de parte dos transtornos ser causada por um efeito colateral da pandemia, sendo reflexo do isolamento e do distanciamento social, os estudos indicam que a COVID-19 é capaz de potencializar o surgimento ou até mesmo o agravamento de transtornos psicológicos. Os reais efeitos da pandemia nesse aspecto, entretanto, ainda deverão ser identificados com o passar do tempo, de tal forma que é fundamental que esses transtornos sejam acompanhados ao longo dos próximos meses.


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