Os números da SRAG no Brasil em 2020

No post de hoje, vamos analisar os números de casos e de óbitos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) no Brasil em 2020 durante a pandemia de COVID-19. Como já trouxemos anteriormente, devido ao fato do novo coronavírus apresentar sintomas similares ao de outras doenças respiratórias, uma parcela dos casos e dos óbitos provocados pela doença vem sendo registrados como outras causas respiratórias. Em particular, a SRAG é a que mais vem se destacando, pois ela é uma classificação mais genérica, representando a evolução de uma doença respiratória para um quadro mais grave - ou seja, mais de um tipo de vírus pode ser responsável por provocar essa síndrome.

Até o momento, já foram registrados mais de 400 mil casos de SRAG no Brasil nesse ano, um aumento de mais de 1000% em relação aos últimos anos, quando foram registrados menos de 33 mil casos no mesmo período. Desse total, um pouco menos da metade (46%) foi classificado como COVID-19. Dentre os óbitos, houve um aumento de mais de 2000%, passando de menos de 4 mil óbitos nos anos anteriores para mais de 100 mil óbitos por SRAG em 2020. Desses, 62% foi identificado como sendo por COVID-19.

Analisando o panorama por semana, nota-se que a COVID-19 se tornou a causa predominante dos registros de SRAG desde meados de março, entre a 10ª e 12ª semana do ano. Entretanto, nota-se um percentual consideravelmente elevado de casos sem causa definida, ficando entre 10% e 20% na maioria das semanas, mas aumentando para mais de 30% no último mês - possivelmente um indício de um alto volume de casos que ainda está passando por análise laboratorial.

O cenário observado nos mostra uma forte prevalência da SRAG no Brasil ao longo deste ano, muito maior do que a que foi observada em anos anteriores. Apesar de uma boa parcela desses registros ser ligada a COVID-19, existem muitos casos sem identificação, podendo ser uma potencial subnotificação dos registros no país, devido a dificuldade de se encontrar a real causa. Dessa forma, é importante que esse fato seja levado em consideração ao fazermos análises sobre os efeitos da COVID-19 no Brasil, de forma a obtermos um cenário mais realista da situação do país.


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