Uma Análise Sobre o impacto do Clima na Proliferação do COVID-19

Com a temporada de baixas temperaturas chegando ao Brasil, no post de hoje vamos falar sobre o impacto do clima na proliferação do coronavirus.

Há algumas semanas postamos no nosso Dossiê da Jornada COVID-19 que os locais de temperaturas mais baixas, localizados no hemisfério norte, estavam enfrentando um maior número de casos do vírus, conforme mostrado abaixo.

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Sabemos que o vírus sobrevive menos tempo em casos de alta temperatura, mas não podemos concluir que o clima quente possa diminuir a curva de contágio do vírus. Um dos descobridores do Ebola, o pesquisador belga Peter Piot, disse para o Canal Rural que

“…ainda não há estudos suficientes para afirmar que sim. Se tivermos sorte podemos dizer que sim, em clima quente a transmissão do vírus pode ser reduzida. Mas no atual momento não podemos contar com sorte quando estamos falando deste terrível vírus”. 


E sabemos também que com o clima frio chegando, estatisticamente, temos maiores ocorrências de doenças respiratórias, que é um dos agravantes da doença. Nesse sentido, o pesquisador Fernando A Barbalho fez uma análise relacionando o número de óbitos de doenças respiratórias no Brasil entre os anos de 2014 a 2018, sendo notada uma “forte sazonalidade nos dados totais entre mai-ago com muitas variações por estado”, diz ele. Na visualização construída, é possível selecionar a doença respiratória e o estado brasileiro para obter a visão dos óbitos ao longo do tempo e por faixa etária.

Acesse a ferramenta aqui.

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Ainda abordando os casos de doenças respiratórias, analisamos a incidência de casos hospitalizados de SRAG (sindrome respiratoria aguda grave) do Info Gripe (Fiocruz) por ano (em semanas), conforme mostrado abaixo. No site é possível editar os parâmetros e exibir outras visualizações.

Dados Fiocruz

Dados Fiocruz

Observamos por meio desses dados que, pelos anos anteriores, os picos da doença normalmente são abaixo de 1, sendo que os únicos anos em que eles passaram de 1 foram 2009 (crise do h1n1, chegando a 6) e 2016 (chegando a 1.6). Diante disso, percebemos que já estamos encaminhando para um cenário com o pico acima de 1 (1 por 100k habitantes), o que é alarmante devido a uma maior necessidade de internações em hospitais.

“O país registra forte alta de hospitalizações por este tipo de doença em 2020, indicando subnotificação de casos da covid-19.

Na semana que se encerrou em 21 de março (12ª semana epidemiológica), o País teve 7771 hospitalizações por SRAG, que podem incluir casos da covid-19, contra 1061 no mesmo intervalo do ano anterior. Em 2020, o aumento de internações deste tipo é de 197%”.

(Wanderson de Oliveira, secretário nacional de Vigilância em Saúde, portal Terra)

Diante de todo esse cenário, observamos que momentos difíceis estão por vir. Vamos enfrentar agora um período de aumento de doenças respiratórias, o que pode ocasionar em uma possível superlotação dos hospitais, que ainda terão que lidar com os casos de coronavírus. Por isso, todo cuidado para combater a disseminação da doença é importante.

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