Efeitos do Isolamento Social no Brasil

No post de hoje, vamos analisar o efeito que as medidas de isolamento social e de quarentena têm surtido sobre o crescimento da epidemia em diferentes estados do país. Para isso, vamos analisar a taxa de crescimento diária de casos de #coronavirus (ou seja, qual o percentual de aumento de casos que temos de um dia para o outro) ao longo do tempo, levando em consideração em que momento as medidas de contenção começaram a ser adotadas. Para isso, selecionamos 3 dos estados mais afetados pela pandemia, sendo eles: São Paulo, Rio de Janeiro e Amazonas.

São Paulo foi o primeiro estado do país a apresentar casos de Covid-19, no final do mês de fevereiro. Contudo, as medidas de contenção demoraram a ser implementadas: passaram-se 20 dias até o início das medidas de isolamento e quase 1 mês até o fechamento do comércio, que decretou o começo oficial da quarentena no estado. Olhando para a taxa de crescimento de casos, nota-se claramente como ela estava em patamares mais elevados antes da adoção das medidas de contenção e declinou para um patamar mais estável após o começo da quarentena. Nas últimas duas semanas, a taxa de crescimento não ultrapassou a marca dos 20% nem uma única vez.

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O Rio de Janeiro, por sua vez, teve uma resposta bem mais rápida que São Paulo e foi um dos primeiros estados a adotar as medidas rígidas de quarentena. O isolamento social no Rio começou 11 dias após o primeiro caso no estado, com suspensão de aulas e de grandes eventos, sendo que as medidas foram rapidamente intensificadas: apenas 4 dias depois, ocorreu o começo oficial da quarentena, com o fechamento das fronteiras do estado e dos centros comerciais. A queda no crescimento de casos no Rio de Janeiro é ainda mais brusca: a taxa passa da média de 40% pré-quarentena para cerca de 15% após a sua adoção. Inclusive, em todos os dias da última semana, a taxa de crescimento manteve-se abaixo desse patamar.

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Por fim, a situação no Amazonas já é bem diferente da que encontramos na região Sudeste: apesar de ter sido somente o 15º estado a ter casos de Covid-19, o rápido crescimento na fase inicial do surto colocou o Amazonas entre os estados com mais casos no país. Na tentativa de conter o surto, o Governo do Estado editou uma série de decretos ao longo da primeira semana de casos, aumentando o número de atividades suspensas a cada dia, até finalmente decretar em 23 de março estado de calamidade pública e obrigar o fechamento do comércio, dando início oficial a quarentena. Mesmo reduzindo a taxa de crescimento dos casos, a queda não foi suficiente para que o sistema de saúde local suportasse o surto epidêmico, tornando o Amazonas o primeiro estado a receber auxílio federal para conter a epidemia e obrigando o Governo local a ampliar ainda mais as medidas restritivas no começo de abril. Somente nas semanas de abril, pós intensificação da quarentena, que o estado conseguiu baixar a taxa média para menos do que 20%, conseguindo até manter-se abaixo da marca dos 10% nessa última semana.

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Assim, apesar das diferentes nuances regionais observadas em cada caso, as taxas de crescimento nos permitem visualizar como as medidas de distanciamento social vêm sendo efetivas em conter a epidemia no país. Nos 3 exemplos analisados, nota-se que apenas nos períodos posteriores à adoção de medidas restritivas é que foi possível visualizar uma redução significativa no número de casos, acompanhada por uma maior estabilização das taxas de crescimento. Esse cenário indica que, apesar da epidemia ainda não estar sob controle no Brasil, a implementação de quarentenas vem sendo efetiva em reduzir o contágio de Covid-19 e deve ser mantida para que o número de casos seja estabilizado no país.


Referências:

Decretos dos Governos Estaduais, dados do Ministério da Saúde e notícias do G1

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