A Administração do Covid-19 nos Países Nórdicos
No post de hoje, vamos comparar o crescimento de casos do #coronavirus nos países nórdicos: Suécia, Finlândia, Noruega, Dinamarca e Islândia. Esses países estão chamando a atenção por serem próximos geograficamente, terem costumes semelhantes e terem sistemas de saúde parecidos. Contudo, eles estão administrando a crise do coronavírus de maneira diferente.
A fim de conter a propagação do coronavírus, uma das estratégias usadas é o lockdown, sendo considerada uma das mais rigorosas, quando comparado com o isolamento social e com a quarentena. No lockdown podemos observar um isolamento completo, por meio da paralisação total dos fluxos e deslocamentos, onde, muitas vezes, as pessoas têm que pedir autorização ao governo para sair de casa, sendo que esta pode ser aceita ou vetada.
Dentre os países nórdicos, o primeiro a adotar as medidas de lockdown foi a Noruega. No dia 12 de março, com 811 casos confirmados na época, o país anunciou o início das medidas de isolamento social. No dia seguinte, a Dinamarca, com 836 casos confirmados no momento, também iniciou com as medidas de lockdown emergencial. Alguns dias depois, em 16 de março, a Finlândia, com 384 casos confirmados no momento, e a Islândia, com 212, declararam estado de emergência e deram início ao lockdown.
A Suécia, por sua vez, não adotou o lockdown oficialmente. O governo apenas tomou medidas como banir aglomeração de mais de 50 pessoas, permitir restaurantes a servirem número limitado de pessoas e dispensar a obrigação de apresentar atestado médico para faltar ao trabalho, em caso de doença. Porém, sem sanções graves aos que não cumprirem.
Nesse sentido, na imagem abaixo temos a evolução do número de casos de Coronavírus em cada um dos países nórdicos ao longo da epidemia, com o destaque das datas onde as medidas de contenção foram adotadas:
Podemos observar que depois que as medidas de lockdown foram adotadas, houve uma estabilização no crescimento da curva em todos os países, com exceção da Suécia, que não realizou essa intervenção. Enquanto Noruega, Dinamarca, Islândia, e Finlândia têm em média um crescimento diário de 5,5%, 5,47%, 6,20% e 6,55%, respectivamente, desde o início da adoção das medidas de lockdown, a Suécia cresce numa taxa média, desde de 13 de março, de 7,27% ao dia. Porém, as taxas vêm diminuindo com o passar do tempo, sendo que na última semana, a média de crescimento de infectados ao dia passou a ser 0,76%, 1,88%, 0,28% e 2,14% para os países citados anteriormente. Já na Suécia, o crescimento diário na última semana teve uma taxa média de 3,20% ao dia. Com isso, temos que os países nórdicos, com exceção da Suécia, estão próximos a atingir o platô da curva de contaminação.
Mesmo tendo menos casos que alguns dos outros países no começo da pandemia, a Suécia teve um crescimento muito mais elevado do que as outras, e assumiu a liderança na região. Hoje, ainda evitando o lockdown, a Suécia tem 18.926 casos, enquanto Dinamarca tem 8.698, Noruega com 7.554, Finlândia 4.695 e Islândia 1.792 casos de Covid-19.
Mesmo levando em consideração o fato de a população da Suécia ser maior que a de seus vizinhos, isso não é suficiente para justificar essa diferença entre ela e os demais países nórdicos. Na imagem abaixo, temos a comparação entre o total de óbitos causados pela Covid-19 e a quantidade de óbitos a cada um milhão de habitantes da região:
Analisando a imagem, fica visível a disparidade da proporção de óbitos na Suécia em comparação com seus vizinhos. Além do número absoluto de óbitos, o número per capita é muito maior do que dos outros países.
Dessa forma, a análise da diferença entre Suécia e os demais países nórdicos evidencia o impacto que o isolamento social pode ter: os governos da Finlândia, Dinamarca, Islândia e Noruega passaram a adotar medidas de lockdown semelhantes e quase na mesma época, ao contrário da Suécia.
Além de reduzir o crescimento da curva de casos e mortes, alguns países, como Noruega e Dinamarca já estão gradativamente voltando à normalidade devido à redução no número de casos de coronavírus. A Suécia, por outro lado, está seguindo uma abordagem menos rígida estipulada pelo epidemiologista Anders Tegnell, baseada em desenvolver a imunidade da população, na expectativa de que o resultado a longo prazo será mais satisfatório do que nos países com medidas mais rígidas.
Contudo, os reais resultados da estratégia da Suécia só poderão ser estimados daqui há alguns meses. Por enquanto, o que observamos no país é que os números de casos e de óbitos de Coronavírus são desproporcionais à sua população e à seus vizinhos. Assim, o cenário atual indica que o isolamento social nos demais países nórdicos tem contribuído para manter a população segura, possibilitando inclusive o cessamento de algumas medidas de restrição e o retorno mais rápido à normalidade.