Monitorando o resultado do distanciamento social em capitais brasileiras

No último mês, adaptamos o modelo SEIR da Alisson Hill (https://alhill.shinyapps.io/COVID19seir/) para testar sua capacidade de modelar a propagação do vírus em cidades brasileiras. Para isso, selecionamos 7 cidades, entre elas 3 capitais, que possuem uma boa transparência e disponibilidade de dados para dar início ao estudo e a modelagem dos dados.

O modelo SEIR utilizado na modelagem é adaptado ao cenário do COVID-19. Supõe-se que os infectados pelo vírus podem ser divididos em 4 grupos: assintomáticos, infecções leves, graves e críticas. Aqueles com infecção leve são pessoas que podem ficar em isolamento domiciliar, os com infecção grave necessitam de internação em leitos hospitalares e os com infecção crítica necessitam de internação em UTI e uso de respiradores.

O foco da modelagem no momento é monitorar quais cidades estão mais próximas de uma curva com crescimento exponencial onde não há nenhum distanciamento social e quais estão próximas de um modelo onde há distanciamento social e os casos tendem a se estabilizar e decrescer progressivamente. Sabendo que há subnotificação de casos devido à limitação de testes, para a parametrização do modelo para cada cidade, utilizamos a quantidade de óbitos e a quantidade de internados em UTI. Sabemos que existe também a possibilidade de subnotificação destas variáveis, entretanto precisamos iniciar a modelagem por algum parâmetro e assumimos que esses dois dados são os que mais se aproximam da realidade.

Modelagem em Porto Alegre (RS)

Para essa cidade, possuímos uma boa notificação de casos de UTI e de óbitos. Conforme nosso modelo parametrizado para esses dois dados, a progressão do vírus se aproxima muito do modelo de distanciamento social, sendo que a quantidade de óbitos está até abaixo do modelo. Segundo o modelo e os dados de UTI adulta disponibilizados para  COVID-19, o modelo de distanciamento social irá prevenir o colapso do sistema de UTIs.

Modelo Óbitos

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Modelo UTI

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Modelagem em São Luís (MA)

São Luís possui dados de casos de UTI, internações hospitalares e óbitos. Tanto UTI quanto internações hospitalares seguem o modelo com distanciamento social. Ambas as variáveis estão em crescimento, mas desacelerando, e devemos observar um cenário de estabilização por parte delas, já os dados de óbitos são preocupantes. Das 3 capitais monitoradas, ela é a cidade que possui maior taxa de crescimento dos óbitos - e de casos também. A quantidade de óbitos estava crescendo conforme o modelo de distanciamento social, porém divergiu dele e se aproximou do modelo de crescimento sem distanciamento. Apesar disso, observando a desaceleração dos crescimentos de casos hospitalares e de UTI, a tendência é que a quantidade de óbitos desacelere também. São Luís está constantemente incrementando a quantidade de leitos hospitalares e de UTI conforme o necessário e isso parece estar sendo o suficiente para evitar o colapso do sistema de saúde enquanto houver distanciamento social.

Modelo Óbitos

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Modelo UTI

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Modelagem em Curitiba (PR)

A cidade possui notificação de diversos dados, incluindo de hospitalizados, de UTI, de óbitos e até de pacientes em UTI utilizando respiradores. Para essa capital, a quantidade de óbitos segue o modelo de distanciamento social. Os dados de UTI, entretanto, pareciam se aproximar do modelo de distanciamento, mas divergiram e se afastaram dele, crescendo para próximo do modelo sem distanciamento. Atualmente, a quantidade de internados em UTI está decrescendo, se encontrando entre os dois modelos. Se continuar decrescendo e se aproximar do modelo de distanciamento, não haverá colapso do sistema hospitalar, mas ainda é cedo para afirmar qual comportamento a curva deve seguir.

Modelo Óbitos

Modelo Óbito.png

Modelo UTI

Modelo UTI-4.png

Para mais resultados e para observar os modelos para outras cidades, acesse:https://report-covid19-cappra.herokuapp.com/


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