Lembram do simulador que postamos aqui alguns dias atrás? Então, resolvemos explorar alguns possíveis cenários usando a ferramenta e queremos compartilhar os resultados com vocês.

O simulador foi utilizado para explorar diversos cenários de intervenções com redução diária na transmissão do vírus e como essas intervenções influenciam na quantidade de expostos à infecção, seja essa redução causada por distanciamento social, quarentena, etc. Utilizamos os valores padrões do simulador, parametrizado para o vírus COVID-19, variando apenas os parâmetros de início de fim da intervenção e a redução na taxa de transmissão de casos leves.

Alguns highlights:

Imagem 1 - esta curva está sendo divulgada bastante nas mídias, mostrando uma quarentena de 1 ano, onde se diminui em 30% as transmissões de casos leves.

Imagem 2 - simulação com dois meses de quarentena, iniciando a partir do 20º dia após o surgimento do vírus, com redução de 30% das transmissões de casos leves. Percebemos que ainda não é tempo suficiente para reduzir a quantidade de expostos. Se há uma redução maior das transmissões, o vírus apenas irá voltar após a quarentena infectando todos aqueles que não foram infectados.

Imagem 3 - simulação com quatro meses de quarentena, também iniciando a partir do 20º dia após o surgimento do vírus, redução de 30% das transmissões de casos leves. Aqui percebemos que o auge da infecção atrasa mais, mas novamente para depois do fim da quarentena.

Imagem 4 - simulação com cinco meses de quarentena, iniciando a partir do 20º dia após o surgimento do vírus, redução de 30% das transmissões de casos leves. Nesse caso, percebemos que temos um tempo de redução suficiente para amenizar a curva, entretanto nosso sistema de saúde ainda não é capaz de lidar com todos esses casos. Após o fim da quarentena a infecção voltará, mas com menos força.

Imagem 5 - simulação com cinco meses de quarentena, iniciando a partir do 20º dia após o surgimento do vírus, mas com redução em 60% das transmissões de casos leves. Durante toda a quarentena, nosso sistema de saúde será capaz de lidar com a quantidade de expostos, que irá decair pela metade a cada +/- 35 dias, mas a infecção voltará após o fim da quarentena e irá infectar todos aqueles que não foram infectados.

Observamos com as simulações acima que uma intervenção de curto período (2 a 4 meses) é pouco capaz de conter o avanço da infecção, que voltaria com força após o fim da intervenção, como, dependendo de quanto é a redução na taxa de transmissão, ela também não seria capaz de conter o colapso do sistema de saúde. Entretanto, vimos que uma intervenção mais longa e com uma maior redução da transmissão é capaz de manter o sistema de saúde estável e até reduzir a quantidade de casos diários diariamente.